Data
22 de outubro, 2025
Categoria
Conteúdos
Autor
Aurasoft

É importante que conversemos sobre o nosso tempo. Deus, ao posicionar os luminares nos céus, presenteou-nos com a possibilidade de perceber o início e o fim do que chamamos de dia.

Debaixo da luz do sol, servimos a Deus à medida que criamos, trabalhamos, aproveitamos os prazeres desta vida e nos dedicamos, sacrificialmente, em prol dos interesses dos outros.

Sob a luz do luar, encostamos nossa cabeça no travesseiro, a fim de, com o nosso sono, afirmarmos, confiantemente, que Deus provê aquilo de que seus filhos precisam.

C.S. Lewis (1942), exímio observador, ao analisar a sociedade em que estava inserido, notou um comportamento que nos é comum nos dias atuais: o desprezo por qualquer tentativa de liturgia, regulamentação ou cerimônia, sob a justificativa de que a espontaneidade está diretamente ligada à autenticidade, à criatividade e à alta produtividade.

Não é raro ver pessoas dispensando procedimentos a fim de “ganhar tempo”. Também não é incomum ouvir alguém dizer que um culto ao Senhor foi enfadonho porque seguiu a mesma ordem de sempre, sem nada novo que o pudesse entreter.

Lewis (1942), ao denunciar essa realidade, pretendia nos alertar de que, ao prezamos a forma, a ordem e a liturgia, ensinamos ao nosso coração o valor das coisas. O autor exemplifica isso ao falar sobre a oração feita de joelhos. É bem verdade que a posição em que nossos corpos se encontram na oração não determina a "eficácia" de nossas súplicas. No entanto, C.S. Lewis diz que, nos dias em que, por não termos separado um tempo ao longo da rotina, proferimos, deitados na cama, frases como "Deus recebe" ou "não importa se estou deitado". Comportamentos semelhantes atestam que o nosso coração já está muito distante.

Estar rendido diante dos pés de Deus, no ato de se pôr de joelhos, lembra-nos da nossa miserável condição. Lewis diz que costumamos estimar momentos com Deus não regulamentados e livres de repetições porque, no fundo, acreditamos que as nossas orações e leitura da palavra devem ser sustentadas por um “estado de espírito”, esquecendo-nos da necessidade de tornar cativa a nossa vontade e inteligência.

O que Lewis, no fim das contas, parece querer dizer é que, quando dobramos os nossos joelhos, isso serve como um lembrete ao nosso coração também se renda.

Quando nos opomos, com desprezo e desleixo, à ordem e ao valor das coisas, agimos de modo diferente do nosso Deus, Aquele com o qual compartilhamos alguns atributos. Deus preza pela justiça: Ele colocou cada coisa em seu devido lugar e deu a cada uma delas um valor específico. Deus não se cansa de, todos os dias, fazer com que o Sol nasça no tempo oportuno, no lugar certo, a fim de abençoar os seres vivos com o seu calor e luz. Como diz Chesterton:

Mas talvez Deus seja suficientemente forte para exultar na monotonia. É possível que Deus diga ao sol todas as manhãs: “Faz de novo”, e diga à lua todas as noites: “Faz de novo”. Pode ser que não seja uma necessidade automática que faz todas as margaridas iguais; pode ser que Deus faça cada margarida separadamente, mas não se canse de criar cada uma delas em particular. Pode ser que Ele tenha um eterno apetite de infância; pois nós pecamos e envelhecemos, e nosso Pai é mais jovem do que nós. A repetição na Natureza pode não ser uma simples recorrência; ela pode ser um BIS de teatro. O céu pode ter pedido BIS ao passarinho que pôs um ovo. (Chesterton, Ortodoxia, 1950, p. 259.)

Para gerenciar melhor o seu tempo, ordene os seus amores

No início de Gênesis, vemos que Deus criou tudo de forma perfeita e colocou o homem e a mulher no Jardim do Éden com um propósito bem definido: viver para Sua glória. Glorificar a Deus está ligado a um coração disposto a obedecer. Na Bíblia, o coração representa o centro do ser humano, a sede da vontade e dos afetos. De acordo com Santo Agostinho, o coração direciona os anseios mais profundos do ser. Ele afirma:

“Os corpos tendem, por seu peso, para o lugar que lhes é próprio; mas um peso não tende só para baixo; tende para o lugar que lhe é próprio. O fogo sobe, a pedra cai. Cada um é movido por seu peso e tende para seu justo lugar. O óleo, lançado à água, flutua; a água, lançada ao óleo, afunda. Ambos são impelidos por seu peso a procurarem o lugar que lhes é próprio. As coisas que não estão em seu lugar se agitam; mas quando o encontram, repousam. Meu peso é meu amor; para onde quer que eu vá, é ele quem me leva. Teu dom nos inflama e nos eleva; ardemos e partimos. Subimos os degraus do coração e cantamos o cântico gradual. É o teu fogo, o teu fogo benfazejo que nos consome e nos eleva, enquanto subimos para a paz de Jerusalém celeste.”

(AGOSTINHO, 2007, p. 147)

Essa reflexão resume bem a condição humana: o coração simboliza o centro da existência onde o amor atua como uma força. Da mesma forma que a gravidade influencia o movimento dos corpos no mundo físico, o amor direciona o ser humano, conduzindo-o em busca do repouso supremo na verdadeira felicidade, pois todo indivíduo foi criado para desejar a Deus como seu bem supremo. No entanto, enquanto permanece cego para essa verdade, seu coração se desvia, buscando satisfazer seus desejos em coisas efêmeras.

Antes da Queda, o homem contemplava a Deus e o adorava em perfeita harmonia. Ao desviar seu desejo do Criador para si mesmo, rompeu essa ordem estabelecida, desajustando seus afetos e tornando-se incapaz de amar corretamente. A Pedagogia do Ordo Amoris, inspirada no pensamento agostiniano, propõe que o amor deve ser ordenado conforme sua importância, hierarquizando os afetos com Deus no centro e o próximo em seu devido lugar. Para Agostinho, o amor é a força que estrutura e direciona a alma, organizando todas as outras inclinações do coração.

O Ordo Amoris, a ordem do amor, ensina que devemos amar as coisas de acordo com sua importância. Esse princípio pedagógico forma a personalidade e molda a vida de maneira que o ser humano se volte para aquilo que verdadeiramente o satisfaz. A restauração dessa ordem só é possível quando o peso da vontade é redirecionado para o que é eterno.

Assim, o aprendizado não tem a ver apenas com o intelecto, mas envolve toda a formação do caráter e da alma, conduzindo o estudante a ordenar seus desejos e afetos conforme a verdade e a bondade supremas.

Para isso, é preciso designar um tempo determinado para cada coisa, agindo com justiça ao dar a cada área da vida a atenção que ela merece. A justiça, nesse sentido, estabelece a ordem adequada para nossas ações e decisões. Quando aplicamos a justiça à nossa rotina e escolhas, estamos reconhecendo a prioridade do que é mais importante. Portanto, ao aplicar a justiça em nossa vida cotidiana, organizamos não apenas o tempo, mas também a disposição do coração, alinhando-o com a verdade de Deus e o bem do outro.

O comportamento virtuoso não se ensina apenas com palavras, mas se constrói por meio da prática. Muitas vezes, as tarefas da vida nos formam, pois agimos sem pensar, baseados em hábitos adquiridos. Nossas ações e deliberações são frutos de uma vivência contínua e repetida, moldadas não somente pela razão, mas também pelo costume. Por isso, a importância de estabelecer uma rotina cuidadosa para que as crianças se firmem nos estudos e cultivem virtudes.

Mas como isso acontece na prática?

Por meio de ações simples e consistentes, como:

• Estabelecer horários claros para as atividades do dia, desde o estudo até o descanso.

• Delegar responsabilidades às crianças, incentivando a organização do ambiente familiar, o que promove autonomia e disciplina.

• Criar uma rotina de higiene antes do início dos estudos. Por exemplo, se for pela manhã, a criança deve acordar, escovar os dentes, arrumar a cama, tomar café da manhã e só então iniciar os estudos. Esse preparo ajuda o corpo a entender que o momento de estudo exige ordem e concentração.

• Definir um local fixo para o estudo, onde todos os materiais estejam organizados e acessíveis, evitando que o ensino ocorra de qualquer jeito ou em qualquer lugar da casa.

• Utilizar um quadro de tarefas no espaço de estudo. Com textos e imagens que representem suas responsabilidades, como, por exemplo: jogar o lixo, organizar o quarto e cuidar dos materiais escolares.

• Reservar tempo livre para a contemplação, permitindo a reflexão, isso ajuda na melhor assimilação do conteúdo.

• Planejar a semana com antecedência, ajustando as ações do presente para que as tarefas do dia seguinte sejam cumpridas de maneira eficiente. Ou seja, o conteúdo para seu filho, é importante apresentá-lo de forma organizada.

O nosso material já contempla essa estruturação. Estabelecemos uma rotina semanal distribuída em cinco dias:

Dia 1: Português e Humanidades (História e Geografia).

Dia 2: Matemática e Artes.

Dia 3: Português e Ciências.

Dia 4: Matemática e Música.

Dia 5: Português e Robótica.

Dessa forma, tanto os pais quanto as crianças saberão exatamente o que será ensinado.

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